O ELÃ MIDIÁTICO
- Tainá Fernanda Pedrini
- 4 de out. de 2021
- 3 min de leitura

“[…] seja qual for a época que tenhamos vivido, haverá uma intervenção social e política sobre nossos corpos para que possamos desejar o desejável e nos deixarmos afetar de maneira, digamos, autorizada”[1].
O conhecimento da história, na maioria dos casos, é fundamental para o bom desenvolvimento social, principalmente quando se trata da ordem política. Ao mesmo tempo em que familiariza comportamentos, adverte e evita que sejamos impulsionados a determinadas ações.
O livro “Sobre a tirania: vinte lições sobre o século XX para o presente”[2] traz importantes aspectos a serem considerados pelos cidadãos, abstratamente.
Destacam-se, entre eles, que o ser humano é muito receptivo a novas regras, mesmo que para cumpri-las exista a necessidade de atos cruéis. Como se o reconhecimento de uma “nova autoridade” fosse mais cômodo que seu questionamento, momentaneamente. Tal ideia é aprofundada, inclusive por meio de pesquisas, no livro “Maquiavel Pedagogo”, de Pascal Bernardin[3].
Outro aspecto relevante é a inércia na proteção das instituições pela Sociedade, pois o “erro está em presumir que os governantes que chegaram ao poder por meio das instituições, não possam mudar ou destruir essas mesmas instituições”[4] – ou facilmente fazer delas meros simulacros. Essa ideia, da mesma forma, pode ser aprofundada no clássico “1984” de George Orwell[5].
É importante estar consciente, ainda, de que “o preço da liberdade é a eterna vigilância”[6]. A imprensa é essencial à concretização da liberdade de expressão e da democracia. “O indivíduo que investiga é também o cidadão que constrói. O governante que deprecia quem investiga é um tirano em potencial”[7].
No entanto, diferentemente do que escrever mais sobre o oportuno e recorrente, “o jornalismo de verdade é restrito e difícil”[8]. Um caso conhecido no Brasil foi a eleição do Presidente Fernando Collor de Mello. A BBC[9], inclusive, produziu documentário retratando o poder de um canal televisivo nacional para o resultado daquela candidatura presidencial.
A utilização dos meios de comunicação, por parte de partidos dominantes, ainda é recorrente no país. Apesar disso, em contraposição às eleições anteriores, o surgimento da internet se tornou grande ferramenta e aliada àqueles que buscam a verdade das notícias e o desvendar das tão discutidas “fake news”.
“Como na era da internet todos nós somos editores, cada um de nós arca com uma certa responsabilidade privada pelo senso de verdade do público. Se adotarmos uma postura de seriedade na busca dos fatos, cada um de nós pode fazer uma pequena revolução na forma como a internet funciona. Se procurar por fatos comprovados, você não enviará informações falsas a outras pessoas. Se preferir acompanhar jornalistas nos quais tem motivos para confiar, pode também recomendar a outras pessoas o que eles publicam. Se retuitar somente o trabalho de pessoas que respeitam protocolos jornalísticos, é menos provável que você rebaixe seu pensamento interagindo com robôs ou trolls”[10].
A prática dessa busca por verdades acerca dos temas veiculados nos meios de comunicação – principalmente com a facilidade do acesso à internet – traz também a nossa responsabilidade como cidadãos. Em ano de eleição, o Brasil tem muitos assuntos pendentes no âmbito público, talvez até “sui generis”. Procurar investigar e compreender o cenário atual nos defende de levantar falsos ídolos e, por assim dizer, procurar ser parte da mudança que tanto reivindicamos, mas pouco nos inclinamos para, finalmente, fazer a nossa parte.

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